Metal Gear Solid é uma série bastante tradicional no gênero de espionagem e enfoque tático. Desde os primórdios, ainda no antigo console MSX, o jogo já apresentava carcterísticas marcantes, como os longos diálogos por rádio com seus superiores, humor bastante particular além é claro de furtividade no ataque aos inimigos. Com visão em terceira pessoa, cenários com vários obstáculos para se esconder e flanquear os inimigos, o jogo se caracterizou pela cautela e esperteza antes de mais nada. Tudo idealizado pela mente do diretor japonês Hideo Kojima.

Agora, em Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots, a proposta muda um pouco de caráter. Segundo o anúncio do próprio Sr. Kojima, o protagonista, Solid Snake, parte agora para a ação de maneira mais agressiva e indiscriminada, em vez de agir na surdina. Além disso, Snake está com uma aperência mais degastada, o que reafirma os prognósticos do diretor do game: este é o último título da série.

Em 1986, um dos designers de vídeo-game da Konami estava com seu emprego por um fio. O desconhecido Hideo Kojima foi desafiado por seus chefes: ou Kojima finalmente apresentava um jogo no qual valesse a pena investir ou estaria demitido. Até então, suas idéias inovadoras haviam sido completamente descartadas pelos diretores da companhia, porém diante daquela situação, Hideo apresentou uma proposta que foi aceita pela chefia.

Na época, a maioria absoluta dos jogos eram do gênero ação, e baseavam-se em avançar num cenário isométrico (visto de cima) ou em uma plataforma, destruindo todos os adversários que fossem encontrados do caminho enquanto lutava-se pela sobrevivência. Ação era a palavra-chave, e tiros e explosões ditavam o ritmo da diversão.

Nesse clima, Hideo Kojima teve uma idéia absurda: produzir um jogo no qual o gamer fosse forçado — ou ao menos fortemente incentivado — a se esconder de seus adversários, invadindo a base inimiga sem ser visto, com o objetivo de destruir uma arma de destruição em massa.

Metal Gear foi o título escolhido e o console que recebeu o game foi o MSX2. O sucesso garantiu Metal Gear 2: Solid Snake, para o mesmo console, que apresentava um enredo diferenciado, porém com o mesmo protagonista: Solid Snake.

As aventuras de Solid Snake já cativaram diversas gerações nos mais de 20 anos que a série já conta. Após a chegada de Metal Gear 2: Solid Snake, porém, o herói aposentou-se e passou algum tempo sem aparecer. Foi só em 1998, após oito anos de sucesso, que o herói retornou, desta vez no PlayStation.

A modelagem do jogo é, por falta de outra definição, alucinante. É possível perceber a o vento produzido pelas hélices de um helicóptero balançando o terno de Solid Snake e o jaleco de Otacon logo no início do jogo, bem como a movimentação do cabelo de ambos.

Na mesma cena, a qualidade das texturas mostra todo seu potencial quando Snake olha para suas mãos manchadas pela velhice. As marcas típicas de peles de idosos podem ser observadas em detalhes, bem como a percepção de que a pele é mais delicada e sensível que a de um jovem.

Nos primeiros instantes de sua primeira missão, Snake é deixado no meio de uma guerra e, enquanto o jogador assiste às cut-scenes (animações que apresentam acontecimentos e diálogos essenciais para o enredo do jogo), informações sobre a vitalidade do herói aparecem na tela.

Neste momento, geralmente leva alguns instantes para que o gamer perceba que a cut-scene terminou e o jogo já começou. A divisão entre pré-renderização e renderização em tempo real simplesmente não existe.

A única crítica que pode ser feita à qualidade gráfica do jogo é referente aos serrilhados, principalmente nas sombras. O efeito de serrilhado é muito forte, e destoa completamente da altíssima qualidade do resto dos gráficos de MGS4.

É importante esclarecer que nem toda a culpa desta falha é dos desenvolvedores: o PlayStation 3, ao contrário do Xbox 360, não possui filtro anti-aliasing. Isso ocasiona muito mais serrilhado, o que pode ser muito bem observado em jogos que contam com títulos para ambas as plataformas.

Utilizando todo o potencial dos discos Blu-Ray de duas camadas, que comportam até 50 GB de dados, os desenvolvedores de MGS4 tiveram a oportunidade de oferecer a trilha sonora de toda a saga Metal Gear Solid. Desde o primeiro jogo para o Playstation, até o Portable Ops, do PSP.

Como se não bastasse a quantidade de músicas e a variedade de ritmos presentes no jogo, a forma de acessar seus ritmos diferenciados também é única: com exceção da trilha sonora criada exclusivamente para Guns of the Patriots, as músicas originárias de outros jogos estão disponíveis em um dispositivo que já faz parte do dia-a-dia de uma boa parcela dos jovens de todo mundo há anos, um iPod.

É isso mesmo, Solid Snake conta agora com kits de cura, os clássicos rations, as mais diversas armas, uma roupa capaz de torná-lo praticamente invisível e, para melhorar, um iPod. O aparelho está disponível no material básico de Snake, e para acessá-lo, basta pausar o jogo e abrir o menu de itens. Lá, o jogador deve colocar o iPod na opção de acesso rápido.

Agora, sempre que você desejar usar o dispositivo, poderá abrir o menu de acesso rápido através do botão L2 e selecionar o iPod. Mantendo o L2 selecionado, o jogador usa o mecanismo da Apple da mesma forma como um iPod de verdade: o anel sensível ao toque do aparelho pode ser utilizado com o analógico direito do controle do PS3. O jogador irá realmente imergir na experiência de usar um iPod. O que nos leva à jogabilidade de Guns of the Patriots.

Se a forma de acesso ao iPod apresentada já é impressionante, conforme o jogador avança torna-se cada vai mais empolgante experienciar o dia-a-dia de Old Snake (como o herói está sendo chamado neste título).

Conforme os outros jogos da série, Snake não possui a capacidade de pular, entretanto ele pode usar o botão de ação para subir em determinadas áreas do cenário. Além disso, o jogador pode efetuar as mais diversas ações com seus inúmeros acessórios de espionagem.

Lembrando também outros jogos da série, Snake ainda conta com revistas pornográficas como parte de seu arsenal: jogando a revista no campo de visão de um guarda, o herói pode roubar sua atenção e então golpeá-lo e seguir seu caminho.

Outras opções incríveis são esconder-se dentro de latões e até lixeiras, bem como usar seu traje de camuflagem, fingir-se de morto e muito mais. Mas o que mais chama atenção no jogo é a liberdade que o jogador possui de concluir seus objetivos.

Se o jogador gosta de agir impunemente cruzando abertamente o campo de batalha enquanto se esquiva de tiros de todos os lados, tudo o que importa é que ele tenha a agilidade necessária para conseguir realizar essa façanha, e o jogo irá recompensá-lo da mesma forma como é recompensado o jogador calmo que calcula cada passo de Snake. A amplitude de possibilidades que o título oferece é enorme, o que faz um número muito maior de gamers “sentirem-se em casa” jogando MGS4.

Não é sempre que os jogadores se sentem seguros em desembolsar um bom dinheiro — principalmente no Brasil, onde os games são mais caros — para adquirir um jogo do qual possam se arrepender mais tarde.

Entretanto, existem alguns títulos que são compras garantidas, como é o caso da franquia Grand Theft Auto: que fã de videogames não ama GTA? Não há dúvidas que qualquer jogo da série venderá milhões de cópias em instantes.

Metal Gear Solid cumpre um papel bastante semelhante para o gênero de espionagem tática. Todo fã desse gênero ama MGS, e preza a qualidade da produção de Hideo Kojima.

Portanto, desde muito antes do lançamento deste título emocionante, já era esperado que MGS atingisse notas altíssimas. Nunca duvidamos da Konami, de Kojima ou de Solid Snake, ainda que este último já esteja velho.

Se você tem um PlayStation 3, não tenha medo: compre o mais rápido possível sua cópia de Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots. Se você não possui o console, talvez seja hora de aproveitar o pacote especial lançado em comemoração à chegada de MGS4: o kit traz um PlayStation 3, um controle dualshock 3, e uma cópia do aclamado título da Konami.