Lollipop Chainsaw é um dos jogos mais marcantes da era do PlayStation 3 e Xbox 360, lançado em 2012. Desenvolvido pela Grasshopper Manufacture e idealizado por Suda51, em colaboração com o diretor James Gunn (sim, o mesmo de Guardiões da Galáxia), o jogo é um hack and slash extravagante e irreverente. Ele combina elementos de humor bizarro, ação frenética e uma estética que mistura o horror com o pop adolescente. Apesar de seu apelo cult, Lollipop Chainsaw também gerou controvérsias devido à censura em diferentes regiões, o que levantou debates sobre liberdade criativa, sexualização e os limites do conteúdo nos videogames.

O jogo segue a história de Juliet Starling, uma líder de torcida colegial armada com uma motosserra e acompanhada pela cabeça decapitada de seu namorado, Nick. Juliet luta contra uma invasão zumbi em sua escola, San Romero High, que foi desencadeada por forças sobrenaturais. A narrativa absurda e cheia de diálogos cômicos reflete a assinatura criativa de Suda51 e Gunn, misturando ação exagerada com humor peculiar.

Visualmente, Lollipop Chainsaw é tão chamativo quanto sua protagonista. Juliet é uma personagem projetada para chamar atenção: uma líder de torcida vestindo um uniforme curto, brilhante e estilizado, carregando uma motosserra que destoa completamente do ambiente colegial. O contraste entre sua aparência “fofa” e a violência brutal do jogo é parte do apelo que tornou o título memorável.

A censura em Lollipop Chainsaw varia de acordo com a região e está, principalmente, relacionada ao conteúdo sexualizado e à violência gráfica. Em algumas versões, cenas de violência explícita foram suavizadas ou removidas. Em outras, como na versão japonesa, a sexualização de Juliet foi significativamente reduzida para se adequar às normas culturais e regulatórias do país.

Na Europa e nos Estados Unidos, o jogo sofreu menos cortes, mas isso não o isentou de críticas. Muitos jogadores e críticos questionaram o uso excessivo da sexualização de Juliet, especialmente em poses, roupas alternativas desbloqueáveis e em como a câmera parecia “acentuar” certas partes do corpo da personagem. Apesar de algumas dessas críticas, os fãs defenderam a abordagem como um reflexo da paródia e do humor propositalmente exagerado.

No Japão, onde o jogo foi lançado com censura adicional, algumas das roupas desbloqueáveis mais reveladoras foram removidas. Além disso, o sangue em algumas versões foi trocado por um líquido de cor mais escura ou até mesmo por luzes brilhantes, uma prática comum em jogos japoneses para atenuar a violência. Isso gerou debates entre os fãs japoneses, muitos dos quais pediram uma versão mais próxima da original ocidental.

Para alguns, a censura comprometeu a experiência geral do jogo, reduzindo sua essência exagerada e satírica. Lollipop Chainsaw não foi projetado para ser um jogo “sério” — ele abraça o absurdo, o humor pastelão e o exagero de maneira intencional. Assim, os cortes e modificações podem ser vistos como uma interferência em sua proposta original.

Por outro lado, há quem argumente que certos aspectos, como a sexualização excessiva de Juliet, poderiam ser mais contidos sem prejudicar a diversão ou a criatividade do jogo. Esse debate levanta uma questão importante: até que ponto a censura pode ser considerada uma proteção legítima contra conteúdos potencialmente ofensivos, e quando ela se torna um entrave à liberdade artística?

Apesar de toda a controvérsia, Lollipop Chainsaw continua sendo um título de culto, lembrado por sua estética única, trilha sonora empolgante e jogabilidade frenética. Em 2022, a Dragami Games anunciou um remake do jogo, com previsão de lançamento para 2024. Esse anúncio reacendeu as discussões sobre censura, já que os desenvolvedores declararam que a nova versão será “mais alinhada com os padrões modernos” e possivelmente conterá menos conteúdo sexualizado, o que dividiu os fãs entre entusiasmo e preocupação sobre mudanças no tom original do jogo.

Em suma, Lollipop Chainsaw é mais do que apenas um jogo — ele é uma obra que reflete as tensões entre criatividade e censura, enquanto celebra o absurdo e o exagero do entretenimento. Seja você um fã ou um crítico, é inegável que o título marcou a história dos videogames e continua a ser um tema relevante em debates culturais e artísticos.