Sean Devlin é um irlandês durão. Uma única bala nazista pode ter acabado com a vida de seu melhor amigo, mas o protagonista de The Saboteur não vai sucumbir ao abraço da morte tão facilmente. Ele absorve rodadas de artilharia alemã como uma planta suga a luz do sol, exibindo uma habilidade estranha de regenerar sua saúde de uma forma que deixaria até Wolverine com inveja. Apesar das armadilhas dos anos 1940 – o cenário sombrio, o armamento antiquado e o inimigo dolorosamente familiar – The Saboteur tem muito pouco em comum com a Segunda Guerra Mundial. O estranho é que, uma vez que você supera o choque óbvio entre a guerra real e esse retrato exagerado, The Saboteur é realmente um momento bom. Pode não fazer o menor sentido que você possa atirar sozinho em um zepelim em chamas ou se livrar de ondas de alemães furiosos com facilidade descuidada, mas é tão divertido que o ridículo dessas situações só aumenta o prazer. Se você conseguir superar alguns pontos difíceis e deixar seu conhecimento real da Segunda Guerra Mundial de lado por um tempo, The Saboteur é uma reconstituição engraçada de alguns dos dias mais sombrios da história.

É uma pena que a história não reflita a natureza despreocupada da ação. As cutscenes estão cheias de drama, documentando o terror que os nazistas estão exercendo em Paris. Sean Devlin tem contas a acertar com o exército invasor. Claro, a cidade que ele chama de lar é ocupada por forças agressivas, mas sua treta é muito mais pessoal do que isso. Seu melhor amigo foi morto, assassinado diante de seus olhos, por um nazista de alto escalão sem escrúpulos morais que o impediam de cometer atrocidades irrestritas. Cada nova cutscene traz consigo notícias sombrias da frente de guerra, adicionando fogo à busca de Sean por vingança. Por si só, a história é bem feita, apesar de algumas discrepâncias visuais durante as cutscenes. No entanto, o conto excessivamente dramático serve para destacar ainda mais a desconexão chocante entre a ação ridícula e a realidade deprimente. Infelizmente, embora a história se esforce para acabar com a diversão da carnificina da rebelião, ela não consegue nem manter uma cara séria por tempo suficiente para que você se importe com os eventos horríveis que estão sendo contados. Os personagens agem de maneiras previsivelmente estereotipadas, o que torna difícil confundi-los com seres humanos reais. Sean Devlin pode ficar chateado quando seu melhor amigo é morto diante de seus olhos, mas depois de fazer seu 10º crack de uísque em apenas algumas frases, ele se torna uma caricatura irlandesa.

A história pode não conseguir decidir se quer ser engraçada ou séria, mas a atmosfera intrigante definitivamente contribui para a experiência. A depressão e o medo lançados na cidade pelas forças de ocupação são expressos visualmente por meio de cenários impressionantes em preto e branco. Os prédios e estradas nas seções da cidade controladas pelos nazistas têm uma sensação sombria e sufocante, fazendo com que suas ações para libertar essas áreas tenham mais peso. O aspecto mais interessante desse design de arte é a maneira como a cor é cuidadosamente colocada. Durante as cutscenes, um cachecol na pessoa com quem Sean está falando pode estar encharcado em azul chocante, destacando-se brilhantemente contra o fundo terrível. As cenas de ação são ainda mais impressionantes, usando o flash laranja de um tiro ou o vermelho brilhante do sangue nazista derramado para criar um visual deslumbrante. Quando você finalmente expulsa aqueles nazistas malignos de partes da cidade, a cor volta a inundar, dando a você uma recompensa visual pelo seu progresso arduamente conquistado. Ironicamente, as seções coloridas não parecem tão impressionantes quanto as áreas em preto e branco, embora o interior imaculado seja um prazer para um passeio tranquilo. Só tome cuidado para não bater em nenhuma vaca. Elas explodem como se estivessem cheias de dinamite, o que pode arruinar seu humor.

The Saboteur é um jogo de mundo aberto que permite que você percorra as ruas de Paris no ritmo que desejar. A cidade é confortavelmente europeia e faz um bom trabalho em capturar a Paris dos tempos de guerra. Os marcos mundialmente famosos estão intactos, então você pode visitar o Arco do Triunfo ou a Torre Eiffel quando precisar de uma pausa da ação de matar nazistas. Seu principal método de viagem, quando você não está correndo descontroladamente pelas ruas sombrias, é uma variedade de carros tirados diretamente do início do automóvel. Eles certamente combinam com a estética dos anos 1940, mas seu manuseio deixa muito a desejar. Eles parecem tão velhos quanto parecem, o que torna difícil percorrer rapidamente essas ruas estreitas ou fazer uma curva fechada suave durante as muitas cenas de perseguição. Isso não quer dizer que os controles do veículo estejam quebrados; eles são apenas rígidos, o que torna os carros menos divertidos de dirigir do que poderiam ser. Você também pode se locomover pela cidade subindo direto pelas laterais dos edifícios. No entanto, embora isso lhe dê uma vista única da Cidade das Luzes, é desajeitado e insatisfatório. Chegar ao topo requer apenas que você aperte rapidamente o botão de subida, e leva um tempo terrivelmente longo para finalmente chegar ao seu destino. Felizmente, esta é uma maneira quase opcional de viajar, então você pode ignorá-la se a natureza lenta chegar até você.

Conforme você avança no jogo, você encontra uma variedade de contatos de várias organizações de resistência. Esses líderes da rebelião dão a você diferentes objetivos para participar que não apenas o deixam mais perto de cumprir sua vingança, mas também ajudam a expulsar os ocupantes nazistas. Seus objetivos assumem muitas formas diferentes, mas geralmente se resumem a duas operações distintas: matar um nazista específico ou destruir uma ferramenta valiosa de tirania. Independentemente de qual seja seu objetivo final, The Saboteur é repleto de muita ação explosiva. Onda após onda de nazistas furiosos tentarão pará-lo morto em suas trilhas, mas você pode suportar tantas balas e sua saúde se regenera tão rapidamente que é apenas uma questão de tempo até que todos os seus inimigos estejam imóveis aos seus pés. Como você é tão poderoso, o jogo é frequentemente fácil, permitindo que você destrua tudo que se move sem muito medo de perder sua própria vida. Conforme você se aprofunda no jogo, os inimigos se tornam mais poderosos, exigindo que você use uma abordagem mais cuidadosa para despachá-los. Embora nunca se torne muito difícil, o tiro continua divertido e emocionante, servindo como a força motriz por trás de sua aventura.

É uma coisa boa atirar em nazistas ser tão divertido, porque os elementos furtivos não são desenvolvidos o suficiente. Você pode roubar o uniforme das costas de um soldado derrotado, permitindo que você se misture com seus opressores, mas é quase impossível permanecer sem ser detectado durante uma missão. Sua cobertura invariavelmente será descoberta em algum ponto da operação, forçando você a abandonar a abordagem silenciosa e sair com armas em punho. Ainda vale a pena explorar os edifícios com antecedência para descobrir a maneira mais fácil de entrar e pelo menos tentar se misturar à multidão por um tempo, para que você possa limitar o número de nazistas que precisa enfrentar, mas é decepcionante que jogar este jogo como um sabotador furtivo não seja uma opção legítima. Além disso, o combate desarmado, uma tática necessária se você deseja completar missões silenciosamente, é executado de forma desleixada. Você não pode travar em seus inimigos, o que torna muito fácil perdê-los com um soco, e os golpes e chutes não têm impacto. É muito mais fácil abandonar o disfarce e sacar suas pistolas do que ter que lidar com a mecânica de briga ruim.

Além das missões principais, não há muitas atividades diferentes para participar. Há um minijogo inspirado em Duck Hunt que terá dificuldade em prender sua atenção mesmo na primeira vez que você jogar, e há algumas corridas diferentes que são divertidas apenas se você conseguir entender os controles do veículo. Você também pode se inscrever para uma série de missões opcionais de seus contatos da rebelião, mas essas missões são muito semelhantes às missões da história. Sua melhor chance de encontrar alguma variedade divertida são os alvos de jogo livre. Os nazistas têm vários suprimentos valiosos espalhados por toda a cidade, e você ganha dinheiro extra para tirá-los. Alguns desses objetos, como barris de petróleo, podem ser destruídos atirando neles com uma automática algumas vezes, mas a maioria dos alvos é grande e fortemente protegida, forçando você a plantar dinamite em sua base. Conectar um explosivo e então correr para longe antes de ser pego pela explosão é muito divertido, e ver os nazistas furiosos investigando os restos carbonizados de suas preciosas máquinas de guerra é bastante gratificante.

Ao longo de sua jornada para libertar Paris do domínio nazista, você pode ganhar uma série de vantagens que tornam a derrubada das forças de ocupação mais fácil e divertida. Por exemplo, roubar um certo número de carros civis permite que você chame seu próprio celular de fuga sempre que estiver em apuros, atirar em alguns nazistas de longe estabiliza sua mira, e você pode ganhar todos os tipos de armas sofisticadas despachando alemães de maneiras inteligentes. O sistema de vantagens é um grande incentivo para tentar métodos diferentes para completar seus objetivos e se baseia na fundação que torna o jogo tão divertido. A ação em The Saboteur é bem executada e recompensadora, então, embora a Segunda Guerra Mundial seja apenas um pano de fundo e os elementos furtivos sejam subdesenvolvidos, ainda é uma explosão derramar galões de sangue nazista e explodir alvos para o alto. The Saboteur pode não ser o jogo sandbox mais original do mercado, mas certamente se destaca da abundância de outras aventuras temáticas da Segunda Guerra Mundial, e é um momento muito bom, desde que você consiga suportar seus pequenos problemas.