Sonic the Hedgehog”, lançado para PlayStation 3 em 2006, também conhecido como “Sonic ’06”, é um título que marcou profundamente a trajetória da franquia Sonic — tanto por sua ambição quanto pelas críticas que recebeu. Desenvolvido pela Sonic Team e publicado pela Sega, o jogo foi concebido como uma celebração do 15º aniversário do ouriço azul, com a intenção de reiniciar a série com uma abordagem mais séria, narrativa mais complexa e gráficos realistas, aproveitando o poder das então novas plataformas da geração HD: PlayStation 3 e Xbox 360.

Desde o seu anúncio, “Sonic the Hedgehog” chamou atenção pelo seu visual mais maduro e pela promessa de combinar ação, velocidade e elementos de RPG em uma experiência inovadora. O enredo do jogo é mais elaborado que os títulos anteriores, envolvendo viagens no tempo, realidades alternativas e uma princesa humana chamada Elise, que desenvolve uma relação próxima com Sonic. A história principal se divide em três campanhas jogáveis: a de Sonic, centrada em velocidade e combate; a de Shadow, com foco em ação e veículos; e a de Silver, um novo personagem com poderes telecinéticos, cuja jogabilidade envolve manipulação de objetos e inimigos com a mente. A conclusão verdadeira da história é desbloqueada ao completar todas as três campanhas, revelando uma trama que conecta os personagens e eventos em uma batalha final contra o ser conhecido como Solaris, uma entidade temporal destrutiva.

Apesar da expectativa alta, o jogo foi severamente criticado por uma série de problemas técnicos e de design. Os longos tempos de carregamento, os bugs frequentes, a jogabilidade inconsistente e a câmera mal posicionada frustraram jogadores e críticos. A falta de polimento ficou evidente, e muitos atribuíram os defeitos ao desenvolvimento apressado, já que a equipe da Sonic Team foi dividida entre o desenvolvimento de “Sonic and the Secret Rings” para o Wii e este projeto ambicioso. A pressão para lançar o jogo a tempo do Natal de 2006 também contribuiu para o lançamento prematuro, sem os devidos testes e correções.

A jogabilidade variada foi outro ponto de controvérsia. Enquanto alguns jogadores gostaram da ideia de explorar diferentes estilos com Sonic, Shadow e Silver, muitos acharam a transição entre os estilos mal executada. Sonic oferecia a tradicional velocidade frenética, mas com seções mal planejadas e controles imprecisos. Shadow usava veículos em momentos que pareciam deslocados dentro do ritmo do jogo. Já Silver, com seu ritmo mais lento e dependente de poderes psíquicos, era acusado de quebrar o fluxo de ação e gerar frustração com seu controle travado e falta de resposta. A tentativa de inserir uma história mais sombria e emocional também dividiu os fãs, especialmente pela relação entre Sonic e a princesa Elise, vista como estranha ou forçada, inclusive por envolver romance entre um humano e um ouriço antropomórfico.

Apesar de seus inúmeros defeitos, “Sonic the Hedgehog” de 2006 teve impacto duradouro. Ele se tornou um dos jogos mais infames da história da franquia, frequentemente citado como exemplo de como uma série amada pode tropeçar por causa de ambição mal medida e prazos comerciais. Contudo, ele também manteve uma base de fãs dedicada, que explora seus conceitos, personagens e trilha sonora com carinho. Muitos elementos introduzidos no jogo, como o personagem Silver the Hedgehog e a música tema “His World”, permaneceram populares e continuaram aparecendo em outros títulos da série, spin-offs e materiais derivados.

Nos anos seguintes, fãs chegaram a criar mods e até versões refeitas do jogo, tentando corrigir seus erros e realizar sua visão original. Um desses projetos é o “Project 06”, uma recriação não oficial feita por fãs no motor gráfico Unity, que busca restaurar a jogabilidade e performance do título original com melhorias modernas. Essa resposta da comunidade mostra que, mesmo um jogo mal recebido pode deixar uma marca duradoura e ser objeto de resgate e reinterpretação.

Em retrospecto, “Sonic the Hedgehog” de PS3 se tornou um símbolo de advertência dentro da indústria de jogos. Ele é lembrado como um exemplo do que acontece quando o marketing, a pressa e a ambição ultrapassam a execução técnica e o design bem pensado. Ainda assim, ele também representa um momento crucial na história da Sega e da franquia Sonic, sendo uma tentativa ousada — embora falha — de redefinir o personagem para uma nova era. Com o passar do tempo, o jogo deixou de ser apenas um fracasso para se tornar um objeto de culto, uma peça de estudo e, curiosamente, uma fonte de nostalgia para alguns fãs que cresceram com ele.