Ghostbusters: The Video Game é uma experiência que mergulha o jogador diretamente no universo dos Caça-Fantasmas, funcionando como uma verdadeira continuação espiritual dos filmes originais. Colocando o jogador no papel de um recruta recém-contratado para a equipe, o jogo consegue equilibrar ação, humor e nostalgia, capturando perfeitamente o espírito da franquia. Logo de início, a atmosfera familiar é evidente: desde a música tema icônica até os diálogos espirituosos, tudo reforça a sensação de que estamos diante de um “Ghostbusters 3” não-oficial, mas legitimado pelo envolvimento dos atores originais.

A narrativa se passa em 1991, alguns anos depois dos eventos de Ghostbusters II, aproveitando para amarrar pontas soltas e criar novos conflitos sobrenaturais. A cidade de Nova York volta a ser o palco principal, repleta de manifestações espectrais cada vez mais perigosas. O enredo não perde tempo em estabelecer ameaças maiores, trazendo antigos inimigos e entidades inéditas, enquanto dá espaço para momentos cômicos e interações que remetem diretamente à dinâmica dos filmes.

Desde o começo, o jogador é introduzido ao equipamento clássico da equipe, incluindo o icônico Proton Pack, que serve como principal ferramenta de captura. A sensação de manipular esse equipamento é central para a imersão, com efeitos sonoros e visuais que fazem cada disparo parecer potente e perigoso. O jogo introduz tutoriais de forma orgânica, permitindo que o novato aprenda rapidamente a enfraquecer e capturar fantasmas, sempre sob a supervisão e comentários divertidos dos membros veteranos.

A jogabilidade é majoritariamente em terceira pessoa, mas há momentos em que o jogador precisa alternar para a visão em primeira pessoa para usar o PKE Meter e rastrear anomalias. Essa alternância de perspectivas mantém o ritmo variado e estimula a exploração. O sistema de detecção é essencial não apenas para encontrar fantasmas escondidos, mas também para descobrir artefatos amaldiçoados e segredos espalhados pelo cenário, incentivando o jogador a observar cada detalhe.

O combate contra fantasmas é mais do que simplesmente atirar até eliminar o inimigo. É preciso primeiro desgastar sua energia para depois puxá-lo com o fluxo de captura e, finalmente, aprisioná-lo com a armadilha portátil. Esse processo exige coordenação e timing, já que alguns fantasmas tentam escapar ou resistem agressivamente, lançando objetos e ataques ectoplasmáticos para interromper o jogador.

Conforme a campanha avança, novas funcionalidades e modos de disparo são desbloqueados para o Proton Pack. Cada um deles oferece vantagens específicas, como maior poder de impacto, controle de multidões ou habilidades para manipular o ambiente. Essa variedade mantém os combates dinâmicos e permite que o jogador adapte seu estilo de jogo conforme o tipo de inimigo ou situação apresentada.

O cenário é outro ponto de destaque. Cada fase apresenta locais únicos de Nova York, desde ruas movimentadas até ambientes fechados e sombrios, como bibliotecas antigas, museus e hotéis assombrados. A recriação de lugares vistos nos filmes, misturada a áreas inéditas, traz um equilíbrio entre nostalgia e novidade. Há também grande atenção aos detalhes, com destruição de objetos e reações físicas que aumentam a sensação de impacto durante as batalhas.

O humor característico dos Caça-Fantasmas está presente o tempo todo. Os diálogos entre os personagens são repletos de piadas, provocações e observações sarcásticas, muitas vezes ocorrendo em meio a situações de perigo. Isso cria um contraste divertido entre a tensão das caçadas e a leveza dos protagonistas, mantendo a identidade da franquia intacta.

Apesar do foco em ação, o jogo também apresenta momentos mais estratégicos e até de suspense. Há fases que envolvem perseguições, outras que exigem investigar áreas assombradas e até enigmas ambientais para prosseguir. Essa variação evita que a experiência se torne repetitiva e proporciona um respiro entre os combates mais intensos.

A inteligência artificial dos companheiros é funcional na maior parte do tempo, ajudando a conter inimigos e revivendo o jogador quando necessário. No entanto, há situações em que eles se colocam em risco desnecessariamente, obrigando o jogador a interromper sua ação para ajudá-los. Esse detalhe pode quebrar o ritmo, mas não chega a comprometer a experiência como um todo.

A duração da campanha é equilibrada para um jogo de ação com narrativa linear. É possível completá-la em poucas horas se o jogador focar apenas na história, mas explorar todos os segredos, coletar artefatos e experimentar cada tipo de armamento estende a jogabilidade consideravelmente. A rejogabilidade também é incentivada por diferentes níveis de dificuldade e pelo simples prazer de revisitar momentos marcantes.

Um dos elementos mais cativantes é a fidelidade visual e sonora ao universo dos filmes. Os modelos dos personagens, equipamentos e fantasmas foram cuidadosamente trabalhados, e a trilha sonora combina composições originais com trechos reconhecíveis. Os efeitos sonoros, como o zumbido do Proton Pack e o som característico da armadilha, são essenciais para transportar o jogador diretamente para dentro da história.

Chefes de fase são outro destaque, apresentando desafios únicos que exigem mais do que força bruta. Essas batalhas geralmente envolvem padrões de ataque e momentos específicos para explorar fraquezas, criando confrontos que são tanto visuais quanto mecanicamente interessantes. É nesses momentos que a mistura de ação e estratégia do jogo brilha.

A destruição de cenários durante as lutas é uma marca registrada. Prateleiras, mesas, quadros e praticamente qualquer objeto pode ser derrubado ou quebrado durante um combate. Isso não apenas cria um visual caótico e divertido, mas também serve como um lembrete de que os Caça-Fantasmas nunca foram conhecidos por trabalhar de forma delicada.

Em termos de progressão, o jogador pode investir em melhorias para seu equipamento, aumentando potência, reduzindo o tempo de recarga ou adicionando novas funções. Esse sistema oferece um senso constante de evolução, permitindo que o jogador enfrente inimigos cada vez mais poderosos com mais eficiência e criatividade.

A ambientação da Firehouse, a sede dos Caça-Fantasmas, serve como hub entre as missões e é repleta de detalhes para os fãs apreciarem. Desde o Ecto-1 estacionado até recortes de jornal e equipamentos espalhados, o local transmite a sensação de que os personagens realmente vivem e trabalham ali. É um espaço que reforça a conexão do jogador com o universo.

Mesmo com algumas limitações técnicas e momentos de IA questionável, Ghostbusters: The Video Game consegue entregar uma experiência sólida e memorável. A combinação de narrativa autêntica, humor afiado, ação divertida e atmosfera fiel faz dele um título especial, especialmente para quem cresceu acompanhando a franquia.

O jogo também funciona como uma porta de entrada para novos fãs, apresentando o universo dos Caça-Fantasmas de forma acessível, sem depender completamente do conhecimento prévio dos filmes. Ainda assim, quem conhece e ama os filmes encontra uma camada extra de diversão nas referências e conexões sutis espalhadas pela história.

No fim das contas, Ghostbusters: The Video Game é mais do que um simples jogo de ação com caçadas a fantasmas. Ele é uma celebração interativa de uma franquia querida, que respeita seu legado e oferece algo que agrada tanto pela jogabilidade quanto pela imersão. É uma aventura que mistura sustos, risadas e explosões de prótons em uma fórmula que continua sendo irresistível para fãs e curiosos.