DESCRIÇÃO:
O início da aventura segue à risca o começo do demo divulgado pela produtora Bioware em fevereiro, até porque esta degustação foi liberada após o game ser finalizado. Acontece que, assim como o trailer de um filme ruim, o demo fez um ótimo trabalho em evidenciar os pontos positivos e esconder todas as falhas do jogo, que não são poucas.
Mas vamos partir do princípio. Dragon Age II começa sem surpresas: desde o lançamento do demo, já sabemos que lenda do campeão Hawke é contada em forma de flashback pelo anão Varric Tethras, o que desperta o interesse do jogador para saber como um refugiado de Ostagar – cidade destruída logo no começo de Dragon Age Origins – se colocou no centro de eventos que mudaram o mundo, e mais importante: que eventos seriam esses?
São dúvidas instigantes. Infelizmente, até conseguir as respostas, quem encarar as 30 horas de jogo de Dragon Age II vai se irritar muito com as falhas presentes no game.
O principal problema do jogo é que a jornada não é tão interessante quanto o desfecho da aventura. Os finais de atos são geniais, com expedições subterrâneas, invasores estrangeiros e até revoltas populares – mas entre eles Dragon Age II é recheado de missões sem graça, estilo Office-boy: vá para lugar X, pegue item Y e entregue para o personagem Z, enfrentando algumas escaramuças genéricas no meio do caminho.
O pano de fundo para estes confrontos tolos é a cidade de Kirkwall e seus arredores – uma fórmula já utilizada pela produtora na franquia Baldur’s Gate, que também ficou confinada a uma cidade só em sua segunda edição. Mas ao contrário das metrópoles modernas de GTA, os estágios de Dragon Age apresentam pouca vida: quase não existem pessoas nas ruas, as lojas se resumem a pequenos quiosques espalhados pelos distritos de Kirkwall e você só pode entrar em poucos imóveis – uma taberna, uma igreja, algumas mansões de Hightown e um bordel tão desanimado que até parece cena de velório.
Para piorar, os cenários também são ruins de doer. Apesar de detalhados, todos são excessivamente repetitivos: num acesso de preguiça sem precedentes, a Bioware optou por reciclar dungeons, fazendo apenas um modelo para cada ambiente (caverna, túnel, mansão, região costeira…), com sutis diferenças de mapa entre eles. Desta forma, a mesma sala onde você enfrentou a aranha gigante no ato 1 aparece nos atos 2 e 3, mas em outro contexto. A repetição fica ainda mais evidente se compararmos esta sequência com Dragon Age Origins, que tinha dungeons enormes, bem elaboradas e interessantes, como Orzammar e o templo de Andraste.
Mas se os cenários não mudam, alguns personagens mudaram… até demais. A Bioware fez alterações drásticas no design dos personagens da série, o que gera confusão para todos os jogadores que já estavam acostumados com a identidade visual de Dragon Age Origins.
A primeira mudança perceptível é com relação à bruxa Flemeth. Outrora uma velha enrugada utilizando um capuz, ela aparece agora de forma muito mais altiva. Mas tudo bem, quem conhece a história da personagem sabe que seria possível que ela mudasse de forma…agora como explicar a mudança de aparência da pirata Isabela? Será que existe bronzeamento artificial em Ferelden?
E os Qunari, que deixaram de ser homens grandes de pele bronzeada para se tornarem humanóides albinos com chifres e pinturas de urucum? Além dos servidores do Qun, os elfos também mudaram, ficando com traços ainda mais delicados e aparência andrógena – você só consegue diferenciar machos e fêmeas pelo busto.
O sistema de combate foi aprimorado em relação ao primeiro, ganhando animações mais fluidas. Infelizmente, a Bioware aumentou o tempo de acesso para habilidades especiais (cooldown), então algumas lutas se resumem a apertar o botão de ataque indefinidamente.
O combate só não é repetitivo porque a produtora incluiu uma novidade interessante: combos entre as classes de personagem: um guerreiro pode deixar um alvo pasmo, enquanto o renegado desorienta e o mago finaliza. Descobrir estas combinações e testar o resultado da mistura de poderes é interessante e abre um leque de estratégias diferenciadas.
Outra falta do jogo é que, com a mudança do local da campanha de Ferelden para as Free Marches, as ações do jogador em Dragon Age Origins acabam tendo pouco impacto nesta continuação. Ao contrário do que acontece com a franquia Mass Effect, importar um jogo salvo do primeiro game traz pouca influência na história. Claro, é possível encontrar velhos companheiros (alguns até tem destaque, como o Grey Warden Anders, da expansão Awakening), mas no geral os feitos do herói de Ferelden passam batidos, o que gera até inconsistências históricas: em Dragon Age II, cheguei a reencontrar com pessoas que meu personagem de Origins havia matado!
A melhor compatibilidade de Dragon Age II, na verdade, é com o Facebook: através do aplicativo Dragon Age Legends, quem tem perfil na mídia social pode desfrutar de um joguinho viciante que, se associado a uma conta da EA de um jogador de Dragon Age ou Mass Effect, pertmite a troca de itens entre estas plataformas e games tão diferentes.
Dragon Age II também apresenta falhas de programação irritantes, que fazem alguns personagens serem “injogáveis”. Isabella tem uma habilidade que deveria tornar seu personagem mais eficiente, mas por conta de um defeito no jogo este poder acaba deixando o protagonista mais lento, de forma cumulativa e irreversível.
INFORMAÇÕES:
Titulo do jogo: Dragon Age II
Idioma: Inglês / PT-BR
Gênero: RPG
Tamanho: 6.17 GB
Plataforma: Playstation 3
Formato: PKG