“I Am Alive” é um jogo de ação e sobrevivência em terceira pessoa desenvolvido pela Ubisoft Shanghai e publicado pela Ubisoft. Lançado em 2012, o título chamou atenção por sua proposta sombria e realista, ambientada em um mundo devastado por um misterioso desastre conhecido apenas como “O Evento”. A narrativa acompanha um homem sem nome – geralmente referido como o protagonista ou o “Homem” – que retorna à sua cidade natal, Haventon, em busca de sua esposa e filha após um ano de ausência. O jogo mergulha o jogador em uma jornada intensa e angustiante pela sobrevivência em uma cidade em ruínas, onde perigos naturais e humanos estão em cada esquina.
O enredo de “I Am Alive” se desenrola em um ritmo melancólico e claustrofóbico, refletido tanto na ambientação quanto na mecânica do jogo. Haventon é um lugar coberto por poeira, silêncio e desolação. A arquitetura destruída, as ruas parcialmente engolidas por terremotos e a presença constante de uma névoa de poeira mortal criam uma atmosfera opressora. O jogador precisa gerenciar cuidadosamente seus recursos limitados – água, comida, munição e itens de escalada – ao mesmo tempo em que enfrenta inimigos e ajuda (ou evita) outros sobreviventes. A escassez define cada escolha: ajudar um estranho pode significar não ter o que comer mais tarde, e um erro em combate pode ser fatal.
A mecânica de escalada é um elemento central do jogo. O protagonista frequentemente precisa escalar prédios colapsados, vigas e andaimes para alcançar novos lugares ou evitar áreas perigosas cobertas pela poeira tóxica. A resistência física do personagem limita o tempo que ele pode se pendurar, exigindo planejamento e nervos de aço. Se a barra de resistência se esgotar completamente, o jogador deve executar uma ação de último esforço, que reduz permanentemente sua capacidade de escalada. Essa mecânica adiciona um senso de realismo e urgência que eleva o desafio.
Combates são raros, mas tensos. O jogador geralmente tem acesso a uma arma com pouquíssimas balas – se é que alguma – o que o força a usar o blefe e a estratégia. É possível, por exemplo, apontar uma arma descarregada para inimigos desarmados e fazê-los recuar, ou derrubar os mais perigosos primeiro em confrontos corpo a corpo. Essas mecânicas criam uma tensão psicológica forte, especialmente quando o jogador percebe que qualquer erro pode custar caro. Inimigos não são meros obstáculos: são sobreviventes, muitas vezes tão desesperados quanto o protagonista.
A narrativa de “I Am Alive” é contada de forma sutil e emocional. O protagonista narra os acontecimentos através de gravações em vídeo, supostamente deixadas para sua filha, o que dá ao jogo um tom íntimo e reflexivo. À medida que o jogador avança, descobre fragmentos de histórias de outros sobreviventes, criando um retrato fragmentado de um mundo à beira do colapso social e emocional. É um jogo sobre perdas, escolhas difíceis e sobre a linha tênue entre humanidade e selvageria quando o mundo deixa de funcionar.
Outro ponto alto do jogo é seu estilo visual. Apesar de ter sido lançado digitalmente e com orçamento modesto, “I Am Alive” entrega uma estética marcante, com uso inteligente de luz e sombra. A paleta de cores em tons cinzentos e marrons reforça a sensação de morte e abandono. Durante os momentos em que o jogador emerge acima da névoa, seja no topo de um arranha-céu ou em uma estrutura elevada, há uma sensação quase poética de paz e liberdade – momentos breves que contrastam com a opressão constante do solo.
Além da campanha principal, “I Am Alive” introduz desafios morais e sociais complexos. Há encontros com NPCs que testam o altruísmo do jogador: uma mulher cercada por saqueadores, uma criança doente precisando de medicação, ou um homem oferecendo comida em troca de ajuda duvidosa. Não existem respostas fáceis – salvar alguém pode custar recursos preciosos. O jogo recompensa gestos altruístas com “retries” (tentativas extras), mas a decisão de ajudar continua pesando mais pelo impacto emocional do que por ganhos concretos.
A trilha sonora é discreta, mas eficaz. Os momentos de silêncio são tão importantes quanto os sons do ambiente: vento soprando entre os prédios, passos na poeira, a respiração ofegante do protagonista. Quando a música aparece, ela acentua a solidão e a tensão. Os efeitos sonoros também contribuem para a imersão: o som de estruturas instáveis, gemidos de pessoas em sofrimento, tiros distantes e o som abafado da cidade morta reforçam o clima de desespero iminente.
Embora tenha sido inicialmente planejado como um título AAA, “I Am Alive” passou por um ciclo de desenvolvimento conturbado. Começou como um projeto ambicioso da Ubisoft Paris, mas após anos de problemas e reinícios, foi passado para a Ubisoft Shanghai, que o remodelou como um jogo digital. Mesmo com as limitações, o resultado final foi um título único e corajoso, que não tenta agradar a todos, mas marca quem se permite experimentar sua proposta.
“I Am Alive” não é um jogo fácil – tanto no sentido mecânico quanto emocional. É uma experiência crua, que desafia o jogador a pensar como um sobrevivente real em uma situação extrema. A falta de conforto, a escassez de recursos, e a constante sensação de insegurança são traduzidas em cada sistema do jogo. Não há HUDs brilhantes, nem mapas cheios de ícones – tudo é cru e diegético. Esse realismo pode afastar alguns, mas encanta aqueles que buscam uma experiência mais envolvente e realista.
Apesar de algumas críticas à sua duração e limitações técnicas, “I Am Alive” se tornou um cult game. Ele permanece relevante como um experimento audacioso em um mercado saturado de jogos de ação genéricos. Sua proposta de sobrevivência psicológica, aliada ao cenário urbano pós-apocalíptico que foge dos clichês zumbis, ainda hoje serve de inspiração para outros títulos independentes e de médio porte. Ele prova que uma boa ambientação, narrativa contida e mecânicas centradas no ser humano podem criar uma experiência marcante mesmo sem gráficos de última geração ou marketing massivo.
Ao final da jornada, o jogador sente não apenas a conclusão de uma missão, mas o peso do caminho percorrido. A reunião familiar que guia o protagonista não é só um objetivo narrativo, mas uma âncora emocional. “I Am Alive” nos faz refletir sobre o que realmente significa sobreviver – e o que vale a pena salvar quando tudo parece perdido. É um lembrete sombrio de que, mesmo no fim do mundo, ainda há espaço para empatia, sacrifício e humanidade.
Titulo do jogo: I Am Alive
Idioma: Inglês / PT-BR
Gênero: Ação
Tamanho: 1.95 GB
Plataforma: Playstation 3
Formato: PKG
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